A desconhecida história de quatro livros adventistas

Apresentamos abaixo mais alguns ‘dados e fatos que surpreendem os adventistas’: têm que ver com a composição e divulgação de quatro importantes obras da Sra. Ellen G. White: Primeiros Escritos, O Conflito dos Séculos, O Desejado de Todas as Nações e Atos dos Apóstolos.

Abaixo transcrevemos comentários de Dirk Anderson, incansável pesquisador desses fatos, com adições próprias, trazendo à baila certos aspectos que são desconhecidos da grande massa de adventistas do sétimo dia, o que, talvez, mereceria uma boa e convincente explicação de parte da nossa liderança, sobretudo dos responsáveis por esses escritos tão especiais para a comunidade de fé adventista do sétimo dia.

Os que queiram conhecer a experiência de Anderson como dedicado apologista de Ellen G. White e as razões que alega terem-no levado a mudar inteiramente de postura, transformando-se em implacável crítico desses escritos através de seu site www.ellenwhite.org, podem solicitar que remeteremos o artigo nº 66 de nosso “Catálogo” de temas para informação, análise e estudo-“Conhecer Para Compreender-III: O Testemunho de um Ex-Perfeccionista”. Nosso propósito em divulgá-lo é para que cada um tire suas próprias conclusões ao ler o material e decida se Anderson tem razões justificáveis ou não em dar nova orientação ao seu bem documentado site. – Azenilto G. Brito. 

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1º-PRIMEIROS ESCRITOS:

“Esqueceram de Mim” (mas não é o filme. . .)

Em 1882 a Igreja Adventista do Sétimo Dia publicou um livro chamado Primeiros Escritos que tinha o propósito, como o próprio nome indica, de apresentar os primeiros escritos de Ellen G. White. Por anos, críticos haviam-se queixado de que os escritos mais primitivos da Sra. White, não divulgados, continham graves erros com respeito à doutrina da “porta fechada”. Desejando silenciar esses críticos, o presidente da Associação Geral na época, George Butler, decidiu publicar todos os primeiros escritos da Sra. White. Assim, o livro Primeiros Escritos saiu a público em 1882. Eis parte do que Butler escreveu, num artigo da Advent Review, de 26 de dezembro de 1882, a respeito do lançamento do livro:

Estes são os exatos primeiros escritos da Irmã White publicados. . . . Muitos desejaram grandemente ter em sua posse TUDO o que ela escreveu para publicação. . . Tão forte era o interesse em ter esses primeiros escritos reproduzidos que há vários anos a Associação Geral recomendou por voto que fossem republicados. O exemplar sob consideração é o resultado desse interesse. Vem ao encontro de um desejo há muito sentido. . . .

Os inimigos desta causa, que não pouparam esforços por despedaçar a fé de nosso povo nos testemunhos do Espírito de Deus e no interesse manifesto pelos escritos da Irmã White, tiraram o maior proveito possível do fato de que seus primeiros escritos não estavam disponíveis. Eles falaram muitas coisas a respeito de termos “suprimido” esses escritos, como se nos envergonhássemos deles. Alguns tentaram fazer parecer que haveria algo objetável nesses primeiros escritos, que temíamos que viessem à luz do dia, e que cuidadosamente os mantivemos às ocultas. Essas insinuações mentirosas serviram ao propósito de enganar algumas almas desprevenidas. Eles agora aparecem em seu caráter verdadeiro com a publicação de vários milhares de exemplares deste livro “suprimido”, sobre o qual nossos inimigos insinuam termos estado ansiosos por ocultar. Alegavam estarem muito ansiosos por obter esses escritos para revelar seu suposto erro. Agora eles têm a oportunidade disso.

Todavia, em lugar de silenciar esses críticos, os REAIS primeiros escritos de Ellen G. White vieram à tona pouco tempo depois num folheto de 16 páginas, editado pelo Pastor A. C. Long, intitulado “Comparação dos Primeiros Escritos da Sra. White com Publicações Posteriores”. Nele, mostrava linha após linha o material que havia sido omitido, com várias indicações da crença na “porta fechada”.

Isso causou tremendo embaraço para Butler e a perda da fé por muitos na Sra. White. Segundo Dirk Anderson, “A Word to the Little Flock [Uma Palavra ao Pequeno Rebanho] e os artigos de Present Truth [A Verdade Presente], publicados entre 1847 e 1850”, é que conteriam os primeiríssimos escritos da autora adventista. Primeiros Escritos apenas reproduziria basicamente um panfleto editado em 1851, intitulado Experience and Views [publicado em português com o título de Vida e Ensinos de Ellen G. White].
Mesmo em Primeiros Escritos há omissões significativas na transcrição da primeira visão da Sra. White que seriam resquícios de textos anteriores, tidos, talvez, por inconvenientes para divulgação. Eis uma mostra dessas omissões, com as referidas linhas excluídas devidamente transcritas em LETRAS MAIÚSCULAS:

Enquanto orava no altar da família, o Espírito Santo veio sobre mim, e parecia que estava sendo transportada mais e mais para o alto, bem acima do escuro mundo. . . . Ergui os olhos, e vi um caminho reto e estreito que se estendia muito acima do mundo. Nesse caminho o povo do Advento estava viajando para a cidade, que se situava na sua extremidade. Tinham por detrás e no princípio do caminho uma luz brilhante que um anjo me assegurou ser o clamor da meia-noite. Essa luz brilhava ao longo do caminho inteiro e fornecia luz para os seus pés de modo a que não tropeçassem. Se mantivessem os olhos fixos em Jesus, que estava à frente deles, conduzindo-os para a cidade, estariam seguros. Mas logo alguns . . . negaram grosseiramente a luz atrás deles e disseram que não fora Deus quem os conduzira até tão distante. A luz por detrás desses extinguiu-se deixando-lhes os pés em total escuridão, e tropeçaram e perderam de vista o marco e a Jesus, e caíram para fora do caminho, mergulhando para o mundo escuro e ímpio em baixo. ERA TÃO IMPOSSÍVEL PARA ELES ALCANÇAR O CAMINHO NOVAMENTE E SEGUIR PARA A CIDADE, COMO TAMBÉM PARA TODO O MUNDO ÍMPIO QUE DEUS HAVIA REJEITADO. Logo ouvimos a voz de Deus como muitas águas. . .

Para quem não percebeu as implicações do trecho “esquecido” pelos editores, ressalte-se que a própria Sra. Ellen G. White admitiu que, com todos os demais adventistas sabatarianos dos primeiros tempos (ainda não organizados como denominação religiosa), ela cria que “a porta da graça” se teria fechado aos que não pertencessem à grei adventista que experimentara o desapontamento de 1844. Todavia, afirma que deixara de assim pensar por divina iluminação. Isto é exposto em maiores detalhes no art. nº 39 de nosso “Catálogo”-“O Episódio da Porta Fechada”-material disponibilizado a qualquer investigador.

Que os pioneiros adventistas assim criam fica por demais claro ao Tiago White declarar ao casal Hastings em carta de 2 de outubro de 1848: “Os principais pontos sobre que nos fixamos como verdade presente são o sábado do sétimo dia e a porta fechada“. Confirma-o Joseph Bates em 1850 no livreto An Explanation of the Typical and Anti-Typical Sanctuary, by the Scriptures, na pág. 16: “O sábado e a porta fechada constituem, pois, a ‘Verdade Presente’ desta terceira mensagem angélica”. [Destaques adicionados]

No trecho omitido de sua primeira visão a Sra. White “viu” que Deus tinha “rejeitado TODO o mundo ímpio”, além dos adventistas que “tropeçaram” ao renunciarem a sua fé no nascente movimento. Contudo, mais tarde declarou que por iluminação divina deixou de crer na “porta fechada”!

Aparentemente, a melhor saída encontrada pelos editores de sua literatura para resolver esta clara contradição foi a omissão do trecho acima reproduzido, ficando, assim, o dito pelo não dito. . .

Reconhecimento Oficial

A melhor evidência de que houve outras produções literárias de Ellen White anteriores se acha nas contracapas internas doComprehensive Index to the Writings of Ellen G. White [Índice Abrangente Para os Escritos de Ellen G. White], publicado pela editora adventista Pacific Press, sob a direção dos depositários das obras da autora adventista [o chamado White Estate]. Tendo por título “Desenvolvimento dos livros de Ellen G. White 1844-1915” os gráficos coloridos das contracapas registram os seguintes itens:

• Primeira Visão 1844 à 1851 “Christian Experience and Views of Ellen G. White”
• 1846 – “Day Star”
• 1846 – Tablóide
• 1847 – “A Word to the Little Flock
[Outras Visões dos Primeiros Tempos]
• 1847, 1849 Tablóides
• Artigos em “Present Truth”

No prefácio de Primeiros Escritos, em inglês, de 1945, é dito: “Este pequeno volume popular é adequadamente intitulado, sendo uma republicação dos primeiros três livros de Ellen G. White – Christian Experience and Views of Mrs. Ellen G. White, impresso por primeira vez em 1851; A Supplement to Experience and Views, publicado em 1854 e Spiritual Gifts, Vol. 1, que apareceu em 1858?.
Os editores se esforçam em convencer-nos de que o conteúdo de todos os escritos anteriores estão incorporados na edição de Primeiros Escritos, mas a omissão do texto acima referido lança uma sombra de dúvida sobre quanto dessa abrangência realmente se dá.

O Engano Prosseguiria Hoje? 

Anderson conta: “Adquiri meu exemplar de Primeiros Escritos no princípio dos anos da década de 90, 110 anos completos após os líderes ASD terem ‘descoberto’ que material essencial havia sido suprimido e omitido do livro. Acaso o admitiram? Eis o que o prefácio do livro que comprei em 1990 declara:

“Notas de rodapé dando datas e explicações, e um apêndice com dois sonhos muito interessantes, que foram mencionados, mas não relatados na obra original, acrescentarão valor a esta edição. Além disso, nenhuma alteração da obra original foi feita na edição atual, exceto o emprego ocasional de uma palavra nova, ou uma mudança na construção de alguma sentença, para melhor expressar a idéia, e nenhuma porção da obra foi omitida.
Nenhuma sombra de mudança foi feita em qualquer idéia ou sentimento da obra original, e as alterações verbais foram realizadas sob as vistas da autora, e com sua plena aprovação”.
Dirk Anderson conclui sua exposição com uma pergunta que, no mínimo, nos deveria parecer preocupante: “Como pode um povo tão zeloso pela lei e pelo quarto mandamento ter-se esquecido do nono-‘Não dirás falso testemunho contra o teu próximo’? (Ex. 20:16).”
Para crédito dos editores diríamos que fazem referência às obras de 1851 e 1854, que traziam supostamente os escritos todos da autora adventista desde os primeiros tempos. O grande problema é saber se esses livros anteriores realmente abrangiam tudo o que ela escrevera nos primeiros tempos do adventismo.

2º- O Conflito dos Séculos/O Grande Conflito:

Reciclar é Preciso. . .

Em Belo Horizonte existe uma ativa cooperativa de catadores de papel, e em frente de um de seus depósitos há uma placa expondo um dado estatístico que relaciona as milhares de árvores poupadas graças à penosa atividade desses heróicos trabalhadores das tardinhas e noites. Reconhecidamente não muito bem remunerada, a atividade de coleta de papéis e papelões, após os horários de trabalho no centro da cidade grande, constitui uma importante contribuição ecológica da parte deles. Isso se dá graças ao recurso da reciclagem, tão realçada nestes tempos de busca por eficiência econômica e preservação da natureza.

Depois de todas as pesquisas e dados e fatos que se levantaram nestas últimas décadas a respeito da metodologia de composição literária das obras da Sra. Ellen G. White, diríamos que se existe uma palavra para definir de modo apropriado O Conflito dos Séculos, título clássico de um de seu livros mais divulgados, é exatamente a que destacamos no início deste artigo: reciclagem.

O Conflito dos Séculos sempre foi promovido como um livro estupendo, que, por divina inspiração, traça de modo indiscutível o passado, presente e decisivo futuro da humanidade, concluindo num glorioso clímax para os que seguirem a linha adventista de pensamento, isto após a superação da crise final que incluiria uma “lei dominical” americana, de algum modo tornada universal.

Um exame realista e completo da história de O Conflito dos Séculos revelará tratar-se de um livro submetido a um processo de várias adaptações e reajustes ao longo do tempo, sendo composto de trechos e mais trechos de autores adventistas e não-adventistas. Foi este exatamente o primeiro livro denominacional que lemos quando inicialmente interessados pela mensagem adventista há mais de 35 anos, e o fizemos umas três a quatro vezes completo. Todavia, o lemos na sua edição clássica, sem certas omissões posteriores.

Sumiram nas novas edições de O Conflito qualquer menção aos 144 mil que defrontam a crise final, bem como a referência ao papel dos albigenses como preservadores da verdade na era medieval. Há alegações de que os adventistas originalmente criam que os 144.000 do Apocalipse dizem respeito ao número total dos que se salvariam estando vivos no final. Diz o livro Vida e Ensinos, pág. 58: “Os santos vivos, em número de 144 mil. . .”. Sendo que a igreja tinha poucos membros nos seus primórdios, esperava atingir tal número para então dar-se o clímax da história. Essa convicção dos pioneiros denominacionais, agora abandonada, refletir-se-ia, assim, na edição original do livro, tendo sido eliminada de edições mais recentes.

Por outro lado, depois de toda celeuma criada pela questão da falta de atribuição de crédito a autores vários com trechos de obras deles constantes de edições pioneiras (com a famosa explicação de que “minha secretária devia ter visto isso. . .”), foram acrescentados em edições futuras os nomes dos autores D’Aubigné, Wylie, Sylvester Bliss, etc. relativos a certas citações. Contudo, os editores parece terem-se esquecido de incluir os nomes do pessoal “da casa”, como Tiago White, Joseph Bates, J. N. Andrews, Urias Smith, de cujos escritos foram compostas páginas e mais páginas de O Conflito dos Séculos. Entre os trechos assim “contribuídos” há as explicações sobre o santuário celestial, o juízo investigativo e muitos dados históricos, mesmo quando equivocados, como certos fatos sobre Huss e a menção errônea aos albigenses e sua associação com os valdenses. Eles eram anticatólicos sim, contudo, comprovadamente heréticos (ver artigo n° 50 de nosso “Catálogo”-“Ellen G. White, os Albigenses, Valdenses e Interpretação Histórica”).

Um pesquisador sério-o Dr. Don MacAdams, erudito adventista que preparou sua tese doutoral sobre essa obra-declarou que se crédito devesse ser dado a todos os que têm escritos adicionados ao corpo de O Conflito dos Séculos, quase todos os parágrafos deveriam trazer indicação de notas de rodapé. . .

Segundo o relato tradicional, Ellen G. White recebeu uma visão panorâmica do futuro em Lovett Grove e escreveu partes dela designando-a “a visão do ‘grande conflito’”. Logo mais o livro Spiritual Gifts, depois Spirit of Prophecy, daí O Conflito dos Séculos, posteriormente transformado em O Grande Conflito, representaria uma descrição gráfica da visão do fim dos tempos de Lovett Grove. O livro prediz, entre outras coisas, o movimento ecumênico, a ascensão do espiritismo, o domínio papal de todo o mundo e a imposição de uma lei dominical nacional pelo governo dos Estados Unidos que seria adotada em todo o mundo, a despeito de tantas religiões não cristãs prevalecerem em imensas proporções do globo (budistas, muçulmanos, hinduístas, animistas, taoístas, judeus, etc.).

Contudo, anos ANTES da visão de Ellen G. White, H. L. Hastings, um adventista do primeiro dia, havia publicado um livro com exatamente esse título, O GRANDE CONFLITO ENTRE DEUS E O HOMEM: Sua Origem, Progresso e Conclusão.

A data da famosa visão de Lovett Grove é 14 de março de 1858. É assaz significativo que apenas quatro dias depois, em 18 de março de 1858, apareceu uma análise crítica do livro de Hastings na revista Review and Herald dirigida por Tiago White. Torna-se, pois, óbvio que os Whites estavam familiarizados com a obra de Hastings ANTES da visão de Lovett Grove.

No artigo da Review o autor (com toda probabilidade Tiago White, mas também podendo ter sido Urias Smith) destaca que o livro carecia de alguns aprimoramentos:

Conquanto todos devam fechar o exemplar com um vívido senso do modo pelo qual o grande conflito findará no triunfo do poder e justiça de Deus e a certeza dessa questão, preferiríamos que o autor tivesse tratado com maior profundidade os pontos da rebelião do homem, e os termos da reconciliação. Quando ele fala . . . da “arca do testamento de Deus” vista no templo do céu, teríamos ficado felizes se ele recordasse aos rebeldes de uma certa lei que repousa nessa arca . . . ser esta a constituição do governo de Deus, e sobre a qual revolve o inteiro conflito entre Ele e o homem.

Ponderemos sobre estes fatos: Os Whites tinham tido acesso ao livro O Grande Conflito de Hastings ANTES da visão de Lovett Grove. O artigo da Review sugere que certas melhorias poderiam ser aplicadas ao livro. Cerca de seis meses depois, Ellen White publicou sua própria versão das idéias de Hastings (logicamente sem qualquer reconhecimento de alguma outra obra relacionada) tendo por título Spiritual Gifts, Vol. 1. Tal livro foi o “protótipo” de edições posteriores de O Conflito dos Séculos/O Grande Conflito.

‘Melhorias’ Aplicadas

Melhoria nº 1 – A Lei

Em sua análise crítica ao livro de Hastings, Tiago White (ou Urias Smith) lamentava: “teríamos ficado felizes se ele recordasse aos rebeldes de uma certa lei que repousa nessa arca. . .”. Assim, a falta de atenção de Hastings ao tema da lei foi compensada quando se publicou O Conflito dos Séculos. Nele há um capítulo inteiro dedicado ao tema (o de número 25- “A Imutável Lei de Deus”-segundo o volume original).

Melhoria nº 2 – A Rebelião/Reconciliação 

O editorialista na Review também expressara o desejo de que Hastings tivesse dedicado mais tempo sobre “os pontos da rebelião do homem, e os termos da reconciliação”. Em O Conflito dos Séculosaparecem dois capítulos tratando dessas ‘neglicenciadas’ questões. No volume original são os capítulos 29 (“A Origem do Mal”) e 30 (“Inimizade Entre o Homem e Satanás”).

Logicamente, a versão de Ellen White diferia do texto do adventista do primeiro dia Hastings em vários aspectos, como o entendimento de ser o dia de repouso o sábado, não o domingo, representando a observância do domingo “o sinal da besta”. Mas teria esse conceito derivado de sua visão de Lovett Grove?

Na verdade, o conceito de ser o domingo o sinal, ou marca, da besta foi primeiramente levantado por Joseph Bates no início da década de 1840, ANTES de sequer ter conhecido o casal White, com o qual posteriormente sempre manteve grande amizade. Idéias tais como os Estados Unidos na profecia, a “marca da besta”, a “imagem da besta” haviam todas aparecido ANTES da primeira edição da ‘visão do grande conflito’ num livro do próprio Tiago White intitulado Life Incidents, publicado primeiro em 1868. Uma cuidadosa comparação demonstra que palavras, sentenças, citações, pensamentos, idéias, estruturas, parágrafos, e até páginas inteiras foram tomadas dele e colocadas em O Conflito dos Séculos.

É ainda digno de nota que grande porção de Life Incidents foi obtida primeiramente de um livro de J. N. Andrews publicado em 1860, intitulado The Three Messages of Revelation XIV, 6-12 and The Two-Horned Beast [As Três Mensagens Angélicas de Apocalipse XIV, 6-12 e a Besta de Dois Chifres].

Assim, muitas das predições de O Conflito dos Séculos/O Grande Conflito já estavam em voga ANTES da ‘visão do grande conflito’ de Ellen White ou ANTES da publicação de seu livro. Parece que essas noções no livro ‘Conflito’ procederam de estudos de Joseph Bates, e posteriormente de J. N. Andrews e Uriah Smith-não das visões de Ellen White. Talvez esses homens fossem os verdadeiros profetas na IASD.

O livro sob análise foi sendo alinhavado, e costurado, e ajustado, e aprimorado e “engordado” ao longo de décadas, num verdadeiro processo de reciclagem. Inicialmente intitulado Spiritual Gifts, virou numa nova edição Spirit of Prophecy, depois O Conflito dos Séculos, passando ainda por um regime de “emagrecimento” para se chamar O Grande Conflito, popularizado em sua edição em brochura, sendo “emagrecido” ainda mais com uma edição “compacta” lançada posteriormente.

Líderes Denominacionais Lutam Com Problemas de O Conflito dos Séculos 

Na Conferência de Professores de Bíblia e História de 1919, segundo suas anotações taquigráficas descobertas após mais de 50 anos de “sumiço” do material nos porões da sede denominacional em Washington D.C. [para o texto completo do debate referido ver artigo 22 (A e B) de nosso “Catálogo”], líderes denominacionais discutiram o livro O Grande Conflito nos seguintes termos:

B. L. House: Pelo que entendo, o Pr. J. N. Andrews preparou essas citações históricas para a velha edição [de O Grande Conflito, de 1888], e os Irmãos Robins e Crislet, Professor Prescott e outros forneceram as citações para a nova edição. Ela introduziu as citações históricas?

A. G. Daniells: Não. . . .

W. W. Prescott: O irmão está tocando exatamente na experiência pela qual passei, pessoalmente, porque todos os senhores sabem que eu dei minha contribuição para a revisão de O Conflito dos Séculos. Forneci considerável material tratando dessa questão. . . . Quando falei com W. C. White sobre isso (e não sei se ele é uma autoridade infalível), ele me disse francamente que quando prepararam O Conflito dos Séculos, se não encontrassem em seus escritos qualquer coisa em certos capítulos para realizar as ligações históricas, tomavam outros livros, como o Daniel e Apocalipse [de Urias Smith], e utilizavam porções deles. . . .

Sintetizando, há adicionalmente alguns fatos e dados surpreendentes sobre o contexto histórico da famosa e tão difundida obra de Ellen G. White, que certamente não são do conhecimento da grande maioria dos membros da IASD:

• O autor adventista do primeiro dia H. L. Hastings havia exposto num livro com título que tratava de “Grande Conflito” idéias muito semelhantes às que mais tarde foram expostas por Ellen G. White como derivadas de sua visão de Lovett Grove, do dia 14 de março de 1858 sobre o conflito do final dos séculos.

• Na publicação adventista Review and Herald de 18 de março de 1858 há uma análise crítica da obra de Hastings sugerindo alguns aprimoramentos para que o livro realmente merecesse aprovação plena dos líderes adventistas.

• A edição pioneira de O Conflito dos Séculos, seis meses depois, trazia capítulos que indicam exatamente a aplicação das sugestões sobre aprimoramentos indicadas na Review à obra de Hastings.

• O pioneiro adventista Joseph Bates já se revelava grande entusiasta e promotor da causa do sábado em princípios da década de 1840 e escreveu um livro expondo idéias sobre “a marca da besta” como sendo o domingo antes de sequer ter conhecido o casal White. Posteriormente, em seu outro livro, Second Advent Waymarks and High Heaps, publicado em 1847, declara que uma linha de separação fora traçada entre os adventistas da experiência de 1844 e as “igrejas nominais” da “Grande Babilônia”. O sábado seria o “teste de sua sinceridade e honestidade quanto à Palavra de Deus integral” (Op. Cit., pág. 114).

• Bates entendia que todos os seres humanos estavam no período de “sete anos” antecedentes ao advento, que, imaginava, ocorreria em 1851 (calculados à base das sete aspersões de sangue sobre o santuário-cf. Lev. 16:14). Os que aceitassem o testemunho da observância do sábado até o fim desse “período de prova” receberiam o “Selo de Deus”, e os que o rejeitassem receberiam a “Marca da Besta”, identificando-se com as igrejas “babilônicas”.

• Em Primeiros Escritos, págs. 42, 43 (capítulo “A Porta Aberta e a Fechada” com data de 24-03-1849), a Sra. White fala repetidamente da “prova presente do sábado”, “prova quanto ao sábado que temos agora”, “este tempo de selamento”, e até de “clamor da meia-noite terminado no sétimo mês, 1844”. Tal tese da “prova do sábado/selamento agora” parece clara indicação de que as idéias de Bates quanto a ser o sábado um teste entre 1844-1851 foram adotadas pelo casal White, que tinha especial amizade por Bates.

• Assim, os conceitos de “lei dominical” e “sábado X domingo” como confronto final na história humana antecedem a redação de O Conflito dos Séculos, tendo por base as idéias propagadas por Joseph Bates mesmo antes de a Sra. White e esposo terem-se definido pessoalmente pela guarda do sábado.

• Urias Smith, grande entusiasta da decodificação dos símbolos proféticos da Bíblia, ajustou mais tarde a interpretação de Apocalipse e Daniel às noções sabatarianas de Bates, aproveitando velhas interpretações anticatólicas que prevaleciam entre protestantes conservadores quanto a Babilônia, a besta, o número 666, etc. Essas questões todas encontraram espaço em O Conflito dos Séculos, não sendo tais conceitos, pois, fruto de supostas visões.

A VERDADE SOBRE O DIA ESCURO E A QUEDA DAS ESTRELAS –> DIA ESCURO E QUEDA DAS ESTRELAS EGW

3º-O Desejado de Todas as Nações:

A “Obra Prima” e Suas Comprovadas 23 Fontes

Em 1982, exatamente cem anos após a publicação de Primeiros Escritos, que, como vimos, não trazem exatamente os primeiríssimos escritos da Sra. Ellen G. White, a Igreja Adventista do Sétimo Dia solicitou a um de seus eruditos, o Dr. Fred Veltman, então chefe do departamento de religião do Pacific Union College [Colégio União do Pacífico], que analisasse as acusações de plágio atribuídas a Ellen White por Walter Rea, autor do livro The White Lie [A mentira branca], e outros. Após dedicar oito anos ao estudo da matéria, a revista oficial da denominação para seus ministros, Ministry Magazine, publicou o relatório oficial contendo o resultado da investigação do Dr. Veltman, especialmente no que se refere a O Desejado de Todas as Nações, sempre considerada a “obra prima”, ou o mais primoroso dentre os escritos da Sra. Ellen G. White.

Embora, indubitavelmente, o tema seja do maior interesse de toda a comunidade ASD, o resultado da investigação de Veltman restringiu-se a essa publicação, nunca tendo alcançado a membresia adventista norte-americana e, muito menos, mundial. Eis alguns trechos dessa importante pesquisa, tal como apareceram no número de Ministry de novembro de 1990:

É de suma importância notar que foi Ellen White mesma, não seus assistentes literários, quem compôs o conteúdo básico do texto do livro O Desejado de Todas as Nações. Ao fazer isto foi ela quem tomou expressões literárias das obras de outros autores sem lhes dar crédito como suas fontes. Segundo, deve-se reconhecer que Ellen White utilizou os escritos de outras pessoas consciente e intencionalmente. . . . Implícita ou explicitamente, Ellen White, e outros que falaram em nome dela, não admitiram, e até negaram, a dependência literária da parte dela. (Pág. 11).

A maior parte do conteúdo do comentário de Ellen White sobre a vida e o ministério de Cristo, O Desejado de Todas as Nações, é derivado, antes que original. . . . Em termos práticos, esta conclusão declara que não se pode reconhecer nos escritos de Ellen White sobre a vida de Cristo nenhuma categoria geral de conteúdo ou catálogo de idéias que sejam somente dela. (Pág. 12).

Devo admitir desde o começo que, na minha opinião, este é o problema mais sério a ser deparado com relação à dependência literária de Ellen White. Isto assesta um golpe ao coração de sua honradez, sua integridade, e, portanto, sua confiabilidade. (Pág. 14) [Destaques adicionados].

A “conclusão” de nº 4 no estudo de Veltman é: “Ellen White empregou um mínimo de 23 fontes de vários tipos de literatura,inclusive ficção, em seus escritos sobre a vida de Cristo”. Mas acrescenta: “Na verdade, não há meios de saber quantas fontes [exatamente] estão representadas na obra de Ellen White sobre a vida de Cristo”. (Op. Cit., pág. 13) [Destaques adicionados].

Os comentários do Dr. Fred Veltman procedem de alguém amigo, não de algum oponente da Igreja Adventista do Sétimo Dia . É ele não só um amigo, como também um atuante obreiro denominacional. Ministry indagou a Robert Olson, na ocasião secretário do Patrimônio White, se estava satisfeito com a investigação de levada a cabo por Veltman: “Estou totalmente satisfeito com esse estudo. Ninguém poderia ter feito um melhor trabalho. Ninguém. Ele [Veltman] o fez como o faria uma pessoa neutra, não como um apologista”. (Op. Cit., p. 16).

Ademais, o que o Pastor Arthur G. Daniells, presidente da Associação Geral quando dos debates do Concílio de Professores de Bíblia e História de 1919, declarou ao acompanhar a composição do referido livro vêm a calhar neste contexto. Transcrevemos abaixo parte de sua exposição perante o referido Concílio:

A. G. Daniells: . . . Nunca me será de auxílio, ou de auxílio às pessoas, fazer uma falsa alegação para evadir-me de algum problema. Sei que temos dificuldades aqui, mas vamos dispor de algumas das principais questões primeiro. Irmãos, iremos evadir-nos das dificuldades ou sair-nos fácil das dificuldades por tomar uma falsa posição? [Vozes: Não!] Bem, então tomemos uma posição honesta, verdadeira, e alcancemos de algum modo nossa meta, porque nunca apresentarei uma falsa alegação para fugir de algo que se levantará um pouco mais tarde. Isso não é honesto e não é cristão, e assim eu aqui tomo minha posição.

Na Austrália vi O Desejado de Todas as Nações sendo composto, e vi a reescrita de capítulos, alguns escritos e reescritos e de novo reescritos. . . . Testemunhei isso, e quando conversei com a Irmã Davis* a respeito, digo-lhes que tive que ser firme quanto a essas coisas e começar a pôr as coisas em ordem quanto ao espírito de profecia. Se essas falsas posições nunca tivessem tido lugar, as coisas seriam muito mais claras do que hoje. O que foi acusado como plagiarismo teria sido tudo simplificado, e creio que homens teriam sido salvaguardados para a Causa se desde o começo tivéssemos entendido essa coisa como deveria ter sido. Com esses falsos pontos de vista mantidos, enfrentamos dificuldades para endireitar tudo. Não iremos enfrentar essas dificuldades recorrendo a uma falsa alegação. Poderíamos enfrentá-las somente para hoje declarando: “Irmãos, creio na inspiração verbal dos Testemunhos; creio na infalibilidade daquela mediante quem eles vieram, e tudo o que está escrito ali eu aceitarei e ficarei firme em sua defesa contra quem quer que seja”. . . .

Se fizéssemos isso, eu apenas teria que tomar tudo, de A a Z, exatamente como escrito, sem dar qualquer explicação a quem quer que seja; e não comeria manteiga, ou sal, ou ovos se cresse que o Senhor deu as palavras naqueles Testemunhos à Irmã White para toda a corporação mundial. Mas não creio assim.

M. E. Kern: Não poderia fazê-lo e manter uma consciência tranqüila.

A. G. Daniells: Não, não poderia; mas não creio nisso; e posso entrar numa explanação da reforma de saúde que creio ser coerente, e de que ela se empenhou em introduzir em anos posteriores quando viu as pessoas fazendo mau uso disso. Eu próprio ingeri quilos de manteiga e comi dúzias de ovos junto à mesa dela. Eu não poderia explicar isso em sua própria família se cresse que ela acreditasse serem [aquelas instruções] as próprias palavras do Senhor para o mundo. Contudo, há pessoas que acreditam assim e não comem ovos ou manteiga. Eu não sei se usam sal. Sei de muita gente dos tempos pioneiros que não usava o sal, e era em nossa Igreja. Estou certo de que muitas crianças sofreram com isso.

Não adianta alegarmos nada mais sobre a inspiração verbal dos Testemunhos, porque ela nunca o reivindicou, e Tiago White nunca o reivindicou, e W. C. White nunca o reivindicou; e todos os que ajudaram a preparar aqueles Testemunhos sabiam que não eram verbalmente inspirados. Nada mais direi sobre esse ponto.

D. A. Parsons: Ela não só não o reivindicou, como negou isso.

A. G. Daniells: Sim, ela tentou corrigir o povo. Agora, sobre infalibilidade, suponho que a Irmã White empregou o texto de Paulo “Temos este tesouro em vasos de barro”, mais do que outras passagens. Ela costumava repetir isso freqüentemente, “Temos este tesouro em vasos de barro”, com a idéia de que ela era uma pobre e frágil mulher, uma mensageira do Senhor tentando realizar o seu dever e encontrar a mente de Deus neste trabalho.

4º- Atos de Apóstolos e Editores

Na introdução do livro Atos dos Apóstolos, os editores declaram ser este livro “um dos últimos livros escrito por Ellen G. White. Foi publicado pouco antes de sua morte”, em 1915.

É verdade. O que não é explicado, porém, é que dito livro foi preparado para tomar, anos depois, o lugar de outra obra da mesma autora, intitulada Life Sketches on the Life of Paul. Até aí, nada de mais, pois seria mais um caso típico de reciclagem dos livros da Sra. White. O problema foi sua retirada de circulação às pressas após Conybeare and Howson, editores de outra obra de publicação anterior que se comprovou ter servido de base para o livro da autora adventista, estarem “a ponto de trazer problemas para a denominação”, segundo palavras do Pr. A. G. Daniells. Isso se traduziria pura e simplesmente em embaraçosos processos judiciais contra os editores adventistas sob a acusação de plágio.

O já mencionado Comprehensive Index to the Writings of Ellen G. White traz nos seus esquemas coloridos das contracapas uma linha interrompida que revela uma conexão entre os dois livros, o último sendo uma continuação ou reedição do primeiro, o que, a rigor, não corresponde à verdade plena.

1883 “Sketches From the Life of Paul” = = = = = = = = = = = = = = = = = 1911 “The Acts of the Apostles”.

Mas seria interessante ver como os líderes adventistas abordaram esta delicada questão no também já referido Concílio de Professores de Bíblia e História de 1919, cujas transcrições não são mais segredo para a comunidade adventista**:

A. G. Danniells: Quando se toma a posição de que ela [Ellen White] não era infalível, e que os seus escritos não eram verbalmente inspirados, não ocorre uma chance para a manifestação do humano? Se não houver, então o que vem a ser infalibilidade? E deveríamos nos surpreender quando sabemos que o instrumento era falível, e que as verdades gerais, como ela diz, foram reveladas, e então não estamos preparados para ver erros?

M. E. Kern: Ela era uma autora e não meramente uma pena.

A. G. Daniells: Sim; e agora tomemos esse [livro] Life of Paul-suponho que todos saibam de como acusações foram levantadas contra ela, alegações de plagiarismo, mesmo pelos autores da obra, Conybeare and Howson, e estavam a ponto de trazer problemas para a denominação por haver grandes porções do livro deles introduzidas no The Life of Paul sem quaisquer créditos ou aspas. Algumas pessoas de lógica estrita podem sair dos trilhos quanto a isso, mas não sou dessa estrutura. Descobri o fato, e li-o com o Irmão Palmer quando ele o encontrou; apanhamos Conybeare and Howson, e o História da Reforma de Wylie, e lemos palavra por palavra, página após página, e nenhuma citação, nenhum crédito, e realmente eu não sabia a diferença até que comecei a compará-los. Eu supunha que era obra da própria Irmã White. A pobre irmã declarou: “Ora, eu não sabia sobre citações e créditos. A minha secretária devia ter visto isso, e a casa publicadora deveria ter-se encarregado disso”.

Ela não reivindicou que tudo aquilo lhe fora revelado e escrito palavra por palavra sob a inspiração do Senhor. Ali eu vi a manifestação do humano nesses escritos. Logicamente, eu poderia ter dito isso, e realmente o fiz, que desejaria que um rumo diferente fosse dado à compilação dos livros. Se cuidado apropriado tivesse sido exercido muitas pessoas teriam sido poupadas de serem lançadas fora do caminho.

Sra. Williams: A secretária deveria saber que ela não devia citar algo sem empregar aspas.

A. G. Daniells: Você pensaria assim. Eu não sei quem era a secretária. O livro foi deixado de lado, e eu nunca soube quem pôs mãos à obra para consertar a situação. Pode ser que alguém o saiba.

B. L. House: Posso fazer uma pergunta a respeito desse livro? A Irmã White escreveu algo dele?

A. G. Daniells: Oh, sim!

B. L. House: Mas há algumas coisas que não estão em Conybeare and Howson que também não se acham no livro. Por que essas declarações impressionantes não estão incorporadas no novo livro?

A. G. Daniells: Não lhe posso dizer. Mas se os seus escritos foram verbalmente inspirados, por que ela deveria revisá-los?

B. L. House: Minha dificuldade não é a inspiração verbal. Minha dificuldade está nisto: Toma-se os nove volumes dos Testemunhos, e segundo entendo, a Irmã White escreveu a matéria original da qual eles foram compostos, exceto o fato de terem sido gramaticalmente corrigidos, com preocupação a respeito de pontuação, letras maiúsculas, etc. Mas livros tais como Sketches of the Life of Paul, Desejado de Todas as Nações e O Conflito dos Séculos foram compostos de modo diferente, me parece, mesmo por suas secretárias do que os nove volumes dos Testemunhos. Não ocorre uma diferença? Eu tenho julgado que os Testemunhos não foram produzidos como esses.

A. G. Daniells: Eu não sei quanta revisão ela pôde ter feito nesses Testemunhos pessoais antes de enviá-los.

B. L. House: Não há, portanto, uma diferença entre os nove volumes dos Testemunhos e aqueles outros livros para os quais suas secretárias eram autorizadas a coletar citações valiosas de outros livros?

A. G. Daniells: O senhor admite que ela tinha o direito de revisar sua obra?

B. L. House: Oh, sim.

A. G. Daniells: Então sua pergunta é-Por que ela deixou fora da revisão algumas coisas impressionantes que havia escrito que pareceria deverem ter sido introduzidas?

B. L. House: Sim.

M. E. Kern: No primeiro volume do espírito de profecia são dados alguns detalhes, se não estou enganado, quanto à altura de Adão. Parece-me que quando ela foi preparar o Patriarcas e Profetas para o público, conquanto isso lhe havia sido mostrado, ela não achou sábio colocar isso perante o público.

A. G. Daniells: E ela também deixou fora de nossos livros para o público aquela cena de Satanás jogando o jogo da vida.

B. L. House: Naquela velha edição de Sketches of the Life of Paul ela é muito clara sobre a lei cerimonial. Isso não se acha no novo livro, e eu me pergunto por que isso foi deixado fora.

D. A. Parsons: Tenho uma resposta para isso. Eu estava na Califórnia quando o livro foi compilado, e tomei a velha edição e conversei com o Irmão Will White sobre essa mesma questão. Ele disse que o livro inteiro, exceto esse capítulo, estava compilado por algum tempo, e que eles haviam mantido em suspenso até poderem arranjar esse capítulo de modo a prevenir que fosse suscitada controvérsia. Eles não desejavam que o livro fosse usado para resolver qualquer controvérsia, portanto eliminaram a maior parte dessas declarações sobre a lei cerimonial apenas para impedir que ocorresse uma renovação da grande controvérsia a respeito da lei cerimonial em Gálatas.

B. L. House: Não se trata de um repúdio do que foi escrito por ela no primeiro volume, não é?

D. A. Parsons: Não, em absoluto; mas eles apenas introduziram o suficiente para satisfazer a mente inquiridora, mas eliminaram aquelas declarações chocantes para impedir uma renovação da controvérsia.

F. M. Wilcox: Gostaria de perguntar, Irmão Daniells, se poderia admitir, como um tipo de regra, que a Irmã White poderia estar errada em detalhes, mas em praxe e instrução geral ela era uma autoridade. Por exemplo, ouço um homem dizer que não pode aceitar a Irmã White sobre isso, quando talvez ela tenha dedicado páginas à discussão daquilo. Alguém disse que não podia aceitar o que a Irmã White diz sobre royalties de livros, e, contudo, ela dedica páginas a esse tema e o realça vez após vez; o mesmo se dá quanto a praxes para nossas escolas e casas publicadoras e sanatórios. Parece-me que eu teria de aceitar o que ela declara em algumas dessas políticas gerais ou teria de descartar tudo o mais. Ou o Senhor falou mediante ela ou não . . .; e se é uma questão de decidir em meu próprio juízo se Ele o fez ou não, então considero os seus livros na mesma categoria de todos os demais livros publicados. Creio ser uma coisa para um homem estultificar sua consciência, e é outra coisa estultificar o seu julgamento. Uma coisa para mim é pôr de parte minha consciência, e outra coisa é mudar meu julgamento a respeito de algumas posições que eu sustento. . . .

[Extraído das transcrições taquigráficas registradas durante o evento, publicadas primeiramente em Spectrum, Vol. 10, nº 1, pp. 23 a 57].

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* Referência a Marian Davis, secretária e editora em trabalhos junto à Sra. White por 25 anos. No final de sua carreira ela chegou a denunciar a Sra. White de prática de plágio (copiar de outros autores sem notificá-los), deplorando ter participado de tais iniciativas. Atitude semelhante teve outras duas auxiliares da Sra. White, Mary Clough e a compositora de hinos Fannie Bolton (ver hino nº. 294 do Hinário Adventista). Esta última findou seus dias numa instituição para pessoas com distúrbios mentais. Quem desejar obter mais informações sobre a experiência de Marian Davis e Fannie Bolton (em espanhol) pode recorrer ao site http://www.ellenwhite.org, seção em espanhol, onde se pode localizar um longo relato por Alice Elizabeth Gregg, na publicação independente Adventist Currents de outubro de 1983 sob os títulos: “La Locura de Fannie”-Parte 1 e “Marian, ‘La Encuadernadora’”. -Parte 2, de “La Historia Inconclusa de Fannie Bolton y Marian Davis”.
** Indagado sobre se algum dia a denominação tornaria do conhecimento público o conteúdo de ditas transcrições, um importante pastor e administrador denominacional amigo, que tem atuado à frente de importantes instituições ASD, declarou-me: “Isso nunca aconteceria!” Pois bem, eu lhe contei então que o material fora traduzido por mim, e posto à disposição de qualquer interessado via-Internet (ver anúncio abaixo):

[22] – TRANSCRIÇÃO TAQUIGRÁFICA DA “MESA-REDONDA” DA CONFERÊNCIA DE PROFESSORES DE BÍBLIA E DE HISTÓRIA DE 1919 (Traduzido de Spectrum) – 27 páginas*. 

Representa um importantíssimo documento, ligeiramente condensado, relativo às anotações taquigráficas daquele congresso que se mantiveram esquecidas por mais de cinco décadas num remoto canto dos arquivos dos escritórios da Associação Geral, em Takoma Park, Md., E.U.A., até serem descobertos pelo Dr. F. Donald Yost. Os originais compreendem páginas de cópias das significativas e esclarecedoras notas taquigráficas dessa série de reuniões com professores de Bíblia e de História, editores, pastores, dirigentes da Associação Geral, etc. Abrangeram os meses de julho e agosto de 1919 e tiveram a participação destacada do então presidente da Associação Geral, Pastor Arthur G. Daniells. Tratam especialmente dos bastidores da Organização Adventista ao nossos dirigentes depararem certos dilemas quanto a problemas ligados à composição da literatura da Sra. Ellen G. White, as dúvidas de muitos leigos conservadores sobre se nossos administradores de então criam verdadeiramente no “espírito de profecia” em face de posturas realistas deles ante fatos de que somente eles tinham conhecimento, a defesa levantada por eles confrontando tais alegações, etc.
Molleurus Couperus, autor da introdução do material, dá a medida da relevância para nós de tal conclave e de suas conclusões e decisões. Declara ele: “Parece uma tragédia que este material não estivesse disponível aos professores e pastores adventistas após a Conferência Bíblica, e que a mensagem que seus participantes desejaram compartilhar com a membresia da Igreja nunca haja sido transmitida”.

*Também disponível em espanhol). (Extraído de: http://www.ellenwhite.org/index.html).

FONTE: https://www.cacp.app.br/a-desconhecida-historia-de-quatro-importantes-livros-adventistas/

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