VEJA O TEXTO E AS FOTOS PUBLICADAS PELO JORNALISTA WILSON DIAS
Muito em breve será lançado na região do Grande Vale um trabalho de pesquisa pelo professor Uberdan Alves de Oliveira (foto). Este será o seu quarto livro que abordará sobre a antropologia cultural da região do Vale do São Francisco. Ele está trabalhando para resgatar a história do homem ribeirinho, em particular os remeiros do São Francisco que impulsionavam com longas varas, ao peito lacerado, as barcas com figuras de proa que surgiram na região 2 anos depois da independência do Brasil, ou seja, em 1824.
Até 1823, segundo Wilson Lins, no seu livro ”O Médio São Francisco”, a navegação no rio São Francisco era feita em canoas primitivas inventadas pelos índios. Depois foram criados os “ajoujos”, a junção de várias canoas unidas entre si, com tábuas por cima que serviam de piso, para transportar o gado e mercadorias. Esse tipo de transporte deu origem às barcas conhecidas como “ema” e “tapa de gato” de até 27 metros de comprimento e seis metros de largura, com capacidade para transportar 400 arroubas, e abrigavam uma tripulação de até 20 remeiros a exemplo da Mississipi, Lusitânia e Minas Gerais.
Em 1871 foi construído o primeiro vapor denominado “Saldanha Marinho”, de rodas laterais, que navegaria nas águas do São Francisco. Esse navio de pequeno porte veio desmontado dos EUA, sendo montado pelo engenheiro Henrique Dumont, pai de Santos Dumont, que teria sido contratado para tal fim em 1867, pelo governador mineiro, conselheiro Joaquim Saldanha Marinho. Depois de inaugurado em 1871, pelo Imperador D.Pedro II, no porto fluvial de Sabará-MG. (foto) O vapor foi lançado nas águas do rio das Velhas, um tributário do São Francisco e, somente em 1902, o “Saldanha Marinho” aporta no porto de Pirapora-MG se dando a inauguração oficial da navegação do rio São Francisco. Hoje esse vapor é monumento histórico, localizado na orla de Juazeiro.
Em meados da década de 40 surgem as barcas movidas a velas denominadas de “sergipanas”, por terem sido introduzidas no Médio São Francisco por um barqueiro de Sergipe. Já no início da década de 50 surgem as barcas a motor, também introduzidas por um comerciante sergipano. Essas barcas substituíram as movidas à vara, fazendo intercâmbio comercial envolvendo todas as cidades ribeirinhas entre Juazeiro-BA e Januária-MG, sendo interrompido o comércio nas águas com a construção da barragem de Sobradinho. Foram-se as barcas “tapa de gato”, os vapores e as barcas sergipanas. As barcas a motor continuam navegando no rio São Francisco, fazendo a travessia de passageiros entre Juazeiro e Petrolina.
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Wilson Dias, jornalista, escritor e Naturoterapeuta
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