Por Ivone Barreto Aguiar Montenegro, Rio de Janeiro, 24/06/2013.
Muito temos ouvido acerca das manifestações populares em nosso país, seja pleiteando qualidade na prestação dos serviços públicos, no respeito aos nossos direitos, seja execrando a corrupção, corruptos, corruptores que desfilam livremente nas rodas sociais e nas diversas esferas econômicas, partidárias ou classistas.
Pouco tem se falado, entretanto, nas manifestações violentas do ponto de vista das suas motivações.
É a guerra! A guerra nada mais é que o esgotamento do entendimento, o entendimento levado a termo.
Certamente a violência praticada como protesto é prova disto. Com perspicácia precisamos decifrar as entrelinhas ou intenções. A mim me parece querer dizer que seus praticantes pensam ter os mesmos direitos que os violentos dissimulados do poder, da política e do capitalismo escravocrata: Tudo podem.
Todos errados, todos apostando no usufruto da impunidade. Dizer que os vândalos não têm bandeira, talvez, seja marginalizá-los ainda mais. Ao contrário dos fariseus acadêmicos notáveis, possa quem sabe, ser mostra de um silêncio imposto pelo peso da hipocrisia social que determina o tom do que pode e como deve ser tratado. Ou será pedra bruta no cumprimento de mandado? Ou meramente pedra de tropeço? Nem tudo produz eco, nem todo eco é bom. Apurem-se os porquês.
A vasilha cheia demais derrama, dependendo da sua consistência, localização, fixação, campo de visão, poderá ou não causar um transbordamento que incomode menos e aí o chamarem de natural, procedente e dissimuladamente aplaudirem-no.
Por outro lado, se o derramamento não for uniforme, verdadeiramente o que seria despejado em cima de qualquer forma de transbordamento, aplicar-se-á raivosamente sobre a porção diferenciada sob a falsa afirmativa de que pra dita porção não há explicação. Pronto, só discordamos dessa minoria. Balela… A reprovação é total, vomita-se o ódio pela quebra do silêncio, a ira pela reprodução do desrespeito há muito e a muitos imposto.
Há pessoas que falam de pessoas, as que falam de fatos e há aquelas que defendem idéias. Acho as três posições necessárias. Gosto muito de defender idéias. Tenho advogado sobre a enorme demanda de oferta de automóvel à população sem ruas que os caibam e sem acomodações para guardá-los.
Ontem, 23/06/2013, em entrevista a rede Bandeirantes de Televisão, ouvi parte da entrevista do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso apontando enganos cometidos pelo governo atual, um deles era o incentivo ao consumo e não ao investimento. Como exemplo citara o incentivo (redução de impostos) na aquisição do automóvel, sem investimento (infra estrutura) nas ruas para esse mesmo automóvel trafegar.
Ufa! Até que enfim alguém fala o que eu falo, não é loucura minha menos ainda, maledicência.
Por que digo isto?
Digo para que nós Igreja de Deus não sufoquemos uns aos outros, não nos tratemos com frases feitas, ficticiamente pacificadoras, pois, não somos inimigos entre nós, pensamos muitas vezes diferente, mas, não vivemos em guerra uns com os outros como vivem os não escolhidos. Se não debatemos com sinceridade, como podemos levar ao mundo a Mensagem com Verdade?
Queremos uma “Igreja Simples” imbuída antes e acima de tudo do viver e disseminar o evangelho de Jesus Cristo? Ou queremos uma igreja de modernos fariseus composta de animadores de templos, de lábios que balbuciam falas ou gritos ritualísticos com a pseudoidéia de “Momento Pentecostal”?
Por que este discurso tão inflamado?
É para que eu, irmãos, pecadora contumaz, pense antes de cantar que “Já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim” (Gl.2:20), eu tenho que ter responsabilidade no falar, fazer ou cantar;
É para que vocês minhas irmãs ao ouvir o comentário de que a voz de uma irmãzinha está estranha, não responda sem pensar, que ela está cantando cada vez melhor, não, não está, suas cordas vocais estão com problemas, tanto é assim que estão sendo tratadas. Não se arme contra o seu irmão, a conversa é importante é através dela que podemos muitas vezes prestar socorro uns aos outros, para que não se diga o descrito no Sl. 107:12;
É para que nós meus irmãos, não nos escandalizemos quando a palavra competição for citada como presente na Igreja, afirmando sem pensar, com pretenso altruísmo, que é um absurdo, e aí sim, devemos acautelar-nos porque realmente existe (Gn 30:8);
É essencialmente para que exercitemos o crescimento do amor fraterno e não a superficial simpatia do sorriso estudado (Rm 12:9 e 10) com choro simultâneo, do fervor sim (Rm 12:11) do bater o pé, do gritar não.
O mundo grita nos pregões das bolsas de valores, nos leilões, nos bailes funks, nas torcidas ensandecidas de diversos esportes, nas rodas de pagodes e outros, em alguns casos estimulados por componentes alcoólicos ou de outros químicos.
Portanto, se um irmão grita de forma a assustar a muitos, pegando a todos de surpresa, não é porque ele é “muito pentecostal”, talvez seja nervoso ou esteja nervoso, talvez seja portador de alguma disfunção emocional, nem por isso menos importante e amado.
Tem muita Igreja gritando e pouco falando do amor de Deus e da Salvação em Cristo Jesus. Se a Igreja recebe a paz, por que cultuarmos com gritos sejam de aleluias, glórias ou vivas?
Se a Igreja é humildade por que sairmos dela, deixando de lado a contrição, a reflexão, o escutar Deus em nós?
A Igreja não, a Igreja precisa apresentar em seus templos a serenidade que o mundo não tem para dar – O Culto Racional a Deus.
Por outro lado, a firmeza da exortação com admoestação é necessária e eficaz. (At 20:31, 1ª Tm 1:3, Hb 13:22).
No mesmo 23/06/2013, no culto vespertino, numa brilhante pregação sobre a Parábola dos Talentos o Rev Cézar de Oliveira, numa das mais belas explicações quanto ao uso dos talentos fez-nos também um apelo para não enterrá-los. Encerrou a mensagem com uma advertência séria, audível e firme: “Eu Avisei”. Ecoou e ficou, continuo ouvindo…
Não desejemos ser crentes cegos, nem surdos. Que o sejamos pela eleição, pelo quebrantamento do coração e não por ignorarmos o que passa no mundo e não sob a negação do óbvio entre nós.
Não nos proibamos de falar com respeito e sinceridade o que sentimos e percebemos para não sermos amanhã nenhuma das porções ressentidas: nem a maior, nem a menor.
Deus nos ajude a celebrarmos em nossos templos apenas e tão somente a Sua presença, livres, pois, da carnalidade que maquia o louvor, o fervor e o amor.
Deus não permita em nosso meio a impossibilidade de falarmos e nos ensine a fazê-lo com reverência, domínio próprio e mansidão dando eco a nossa voz produzindo o precioso som do IDE de Jesus Cristo.