COLETA DE MEDULA ÓSSEA DE TRABALHADORES RURAIS CONSTATOU ALTERAÇÕES QUE PODEM LEVAR A VÁRIOS TIPOS DE CÂNCER

SILÊNCIO NO CAMPOFortaleza A relação causal entre o uso de agrotóxicos no campo e casos de câncer teve mais um fundamento apresentado detalhadamente na noite da última segunda-feira na Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará. O “Estudo das alterações citogenômicas da medula óssea de trabalhadores rurais expostos a agrotóxicos” foi apresentado pelo médico hematologista Luiz Ivando, em defesa de sua dissertação de mestrado. Na prática, demonstrou alterações genéticas em trabalhadores rurais da Chapada do Apodi, em Limoeiro do Norte.

A série de reportagens Viúvas do Veneno, publicada nos dias 17, 19 e 20 de abril, trouxe o estudo da UFC e vários relatos de contaminação e morte no Nordeste

Iniciado dois anos e meio atrás, o estudo foi defendido no auditório Paulo Marcelo, da Faculdade de Medicina da UFC, e se soma a outras pesquisas realizadas nos últimos dez anos sobre o impacto na saúde dos trabalhadores e do meio ambiente pelo uso indiscriminado de agrotóxicos. “O trabalho foi motivado pelo excessivo número de pacientes com doenças hematológicas que nos procuram com história de exposição a agrotóxicos no passado”, explica o médico Luiz Ivando.

Há vários anos, o Diário do Nordeste tem acompanhado e publicado, com exclusividade, os diversos estudos relacionados ao impacto dos venenos em áreas agrícolas do Vale do Jaguaribe. “Quando vimos na mídia os trabalhos do Núcleo Trabalho, Meio Ambiente e Saúde para a Sustentabilidade (Tramas), coordenado pela professora Raquel Rigotto, resolvemos procurá-la”, afirma Luiz, acreditando que só aumentava a hipótese que relaciona agrotóxicos e neoplasias (câncer).

Medula

A partir da coleta de medula óssea de trabalhadores que atuam na aplicação de agrotóxico, constatou-se a alteração de genes. De 43 dessas amostras, 11 apresentaram importantes alterações cromossômicas. “Elas são muito frequentes em doenças hematológicas como Leucemia Mielóide Aguda e Síndromes Mielodisplásicas. Precisamos ficar vigilantes com esses trabalhadores. Eles devem ser afastados do veneno. O câncer precisa de várias etapas para o aparecimento e, nestes casos, a primeira etapa apareceu”, afirmou Luiz Ivando. O trabalho, que terá continuidade, foi orientado pelo professor e também hematologista Ronald Pinheiro. Do Laboratório de Citogenômica do Câncer da UFC, participaram a bióloga Juliana Cordeiro e as graduandas em Ciências Biológicas Roberta Germano (técnica do laboratório), Izabele Farias e Marília Braga (ambas da UFC) e Júlia Duarte (Uece), alunas de iniciação científica. O estudo será publicado em revista científica internacional e será divulgado no Congresso Brasileiro de Hematologia, em novembro próximo.

Mais Informações:
Faculdade de Medicina da UFC
Avenida da Universidade, 2853
Benfica, Fortaleza
Telefone: (85) 3366-7300
www.ufc.br

MELQUÍADES JÚNIOR
REPÓRTER

VEJA OS VÍDEOS EM: http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1255561

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